Alexandre Medeiros

Doutor em Ciências do Esporte - Pesquisador Associado na We Care.Fitness

Como o Monitoramento da Carga de Treino pode ajudar seus alunos!

Descubra como o monitoramento da carga de treino pode ajudar seus alunos a perceberem a evolução dos resultados.

A ausência de percepção de resultados é um dos principais fatores que levam a perda de motivação dos alunos e consequente abandono da academia. O monitoramento da carga de treino pode ajudar a combater esse problema.

O monitoramento da carga de treino vem sendo utilizada na preparação de atletas de alto rendimento com os objetivos de tirar o máximo do atleta e previnir lesões. Na preparação física para melhoria do condicionamento de usuários de academias, o monitoramento da carga do treino pode ser utilizado com os mesmo objetivos, mas também como um indicador seguro de progresso do aluno.

A partir da avaliação, pelo aluno, de cada treino concluído, é possível construir um histórico da carga interna de cada treino executado. Cruzando as informações históricas das rotinas e avaliações efetuadas podemos mostrar facilmente a melhoria do condicionamento. Continue lendo e descubra o que você deve saber para monitorar o treino de seus alunos e como usar essas informações para melhorar o cuidado com seus alunos.

Cargas Interna e Externa: variáveis do monitoramento da carga de treino

A variedade de programas de condicionamento (e.g. Hit, musculação, Crossfit®, etc.) requer um alto nível de especificidade das condições físicas e fisiológicas. Neste sentido, para que ocorram adaptações positivas, sejam estas, modificações voltadas para saúde ou desempenho, faz-se necessário o monitoramento e avaliação continuada de variáveis que permitam avaliar as respostas em função dos estímulos aplicados. A obtenção destas informações possibilitam ajustes na dosagem do estímulo ao qual o praticante será submetido, com finalidade de melhorar a razão fitnessfatigue, evitando possíveis lesões, e a evolução dos resultados.

Estudos mais recentes têm mostrado que um programa de treino físico pode ser quantificado em relação ao tipo, frequência, duração e intensidade de cada sessão. Tradicionalmente, a carga de treino tem sido descrita na literatura especializada através da carga externa (ex: duração, velocidade, distância percorrida etc.) e carga interna (ex: frequência cardíaca, percepção subjetiva de esforço etc).

No ambiente da academia podemos usar a combinação da duração (carga externa) com a percepção subjetiva de esforço (carga interna) para cada rotina de treino ou aula executada  pelo aluno. Esse processo recorrente, ajuda a construir o histórico de evolução para cada treino executado e sua comparação com treinos anteriores. A partir desse histórico, é possível facilmente comprovar a evolução, eliminando a dúvida quanto o progresso dos resultados.

Formas de avaliar a carga interna de treino

No que diz respeito à carga interna de treino, a utilização de métodos baseados na frequência cardíaca tem sido bastante utilizada pelos treinadores e professores com a finalidade de quantificar a intensidade de cada sessão de treino e competição dos praticantes. Essa informação é de fundamental importância para que os professores possam planear sessões de treino de acordo com os objetivos propostos. Contudo, limitações destes métodos podem existir devido à frequência cardíaca não refletir a intensidade dos exercícios intermitentes durante as pausas, muito comuns nas sessões de musculação.

Adicionalmente, e mais recentemente, o conceito de training impulse (TRIMP) tem sido bastante utilizado com a estratégia de integrar todos os componentes do treino numa simples unidade arbitrária adequada para os sistemas de treino. O método TRIMP, baseado na mensuração da frequência cardíaca foi proposto por Banister[1]. O método adota um fator progressivo para cada zona de frequência cardíaca, onde o tempo no qual o praticante permanece em cada zona, durante cada sessão, é multiplicado por fatores conforme propostos por Stagno e outros[2], ex:

  • Zona 1 – 65% a 71% FCmax, fator 1,23
  • Zona 2 – 72% a 78% FCmax, fator 1,71
  • Zona 3 – 79% a 85% FCmax, fator 2,54
  • Zona 4 – 86% a 92% FCmax, fator 3,61
  • Zona 5 – 93% a 100% FCmax, fator 5,16

PSE, VFC e Questionários de Humor

A exemplo destes, a PSE da sessão (Percepção Subjetiva de Esforço  x Duração do Treino) tem mostrado associações positivas com outros métodos de monitorização da carga interna de treino, além disso, sua aferição pode ser feita sem a necessidade de um medidor de frequência cardíaca durante a realização da atividade física.

A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem sido outro método utilizado na monitorização da carga interna de treino capaz de detetar adaptações fisiológicas positivas e negativas dos praticantes. No esporte de alto rendimento alguns estudos tem mostrado que índices elevados de VFC estão amplamente correlacionados com aumentos da resistência específica dos jogadores. No entanto, essas tendências nem sempre são observadas no campo, mostrando que as medidas de VFC não devem ser utilizadas independentemente de outros métodos.

Uma outra maneira de quantificar a carga interna de treino, bastante utilizada no esporte de alto rendimento e que pode ser adaptada para outras atividades (ex: crossfit, musculação, corrida de rua, etc), é a utilização de questionários (ex: Profile Mood States – POMS[3] e o Brunel Mood States[4] – BRUMS). Estas avaliações podem fornecer um diagnóstico precoce de stresse (depressão, fadiga, ansiedade, etc.) excessivo nos praticantes. Além disso, a utilização destes questionários é adequada, uma vez que são baratos, permitem um rápido feedback e podem ser facilmente aplicados em grandes grupos.

Conclusão

Podemos dizer que o monitoramento dos indicadores físicos e fisiológicos tem possibilitado a otimização de programas de treino mais eficazes além de ajudar na avaliação da evolução dos resultados. Permitir que o aluno possa acompanhar a evolução das suas cargas de treino torna-se um importante aliado quanto a percepção de resultados.

A implantação e controle de variáveis internas e externas dos treinos, demandam um investimento por parte da Academia de modo a viabilizar que os alunos possam, facilmente, fornecer feedback quanto a tais variáveis antes, durante e após os treinos.

A boa noticia é que com a transformação digital no mundo do fitness e a adoção dos aplicativos de treinos, os alunos podem reportar o PSE, a disposição para treinar, dores pós-treino etc, diretamente do aplicativo. Além disso, esses dados podem alimentar o sistema de Gestão do Sucesso do Cliente da Academia, complementando o cuidado com os alunos.

Caso queira conhecer como a Plataforma da We Care.Fitness para Gestão do Sucesso do Cliente pode lhe ajudar na implantação do monitoramento da carga de treino em sua Academia, entre em contato com nossa equipe, será um prazer conversar com você!


[1] BANISTER, E.W. Modeling elite athletic performance. In: GREEN, H.; MCDOUGAL, J.; WENGER, H. Physiological Testing of Elite Athletes. Ed. Human Kinetics, Champaign, 1991. p.403-424.

[2] Stagno KM, Thatcher R, Van Someren KA. A modified TRIMP to quantify the in-season training load of team sport players. J Sports Sci. 2007. p629–634

[3] Profile Mood States – https://en.wikipedia.org/wiki/Profile_of_mood_states

[4] Brandt, R., et al. (2016) The Brunel Mood Scale Rating in Mental Health for Physically Active and Apparently Healthy Populations. Health, 8, 125-132. http://dx.doi.org/10.4236/health.2016.82015

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